terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os dez anos da ABRAJI

 Comemoração:
 A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vai comemorar em 10 de dezembro seus 10 anos de fundação com um evento internacional no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP – exatamente onde foi decidida a criação da instituição, por 140 jornalistas, ao final do seminário "Jornalismo investigativo: Ética, Técnicas e Perigos" em 7 de dezembro de 2002. O objetivo foi criar uma instituição para troca de experiências e busca de melhoria da qualidade do jornalismo, o que vem sendo conseguido.(site Abraji).


 História:
 O dia 2 de junho de 2002 talvez marque com precisão o final do século XX para o jornalismo brasileiro. Neste dia, o repórter Tim Lopes foi assassinado no Complexo do Alemão, Zona Norte carioca. Sua morte teve repercussão inédita entre seus pares. Cinco dias após o crime, em 7 de junho, jornalistas se reuniram em manifestação na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. O protesto contra a impunidade e a violência urbana transcendeu a rua e inspirou reflexão entre os profissionais colegas de Tim.
No sábado, 31 de agosto daquele ano, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e o Knight Center para o Jornalismo nas Américas realizaram no Rio o seminário “Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos”. Mais uma vez, jornalistas se perguntaram: por que não criar, no Brasil, uma entidade semelhante ao IRE (Investigative Reporters and Editors), dos Estados Unidos?
Na quarta-feira seguinte, 4 de setembro de 2002, às 14h28, Marcelo Beraba, hoje diretor da sucursal carioca de O Estado de S. Paulo, enviou o e-mail que pode ser considerado o embrião da ABRAJI. Ao texto, reproduzido abaixo, seguiu-se a realização de um novo seminário em São Paulo, no dia 7 de dezembro de 2002. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo foi criada, oficialmente, em 16 de março de 2003.(site Abraji).

Abaixo a e-mail enviado para 44 jornalistas brasileiros e que ajudou em muito a criação da associação:



“Caríssimos,
como devem saber, foi realizado no Rio, no último sábado, o seminário "Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos", organizado pelo Knight Center for Journalism in the Americas, que é dirigido pelo nosso Rosental. O seminário foi muito bom e, entre outras considerações, mais uma vez vários de nós que participávamos voltamos a nos perguntar por que não temos ainda no Brasil uma instituição parecida com o IRE (Investigative Reporters & Editors -www.ire.org), criado pelos jornalistas dos Estados Unidos, ou o Centro de Periodismo de Investigación (http://investigacion.org.mx), de nossos colegas mexicanos. Uma instituição formada e mantida por jornalistas, independente dos jornais e das entidades de classe (sindicatos, Fenaj e ANJ), voltada para a troca de informações entre nós, para a formação e a reciclagem profissional, para o aprofundamento dos conhecimentos e uso de ferramentas na área do jornalismo investigativo, para a formação de uma literatura e banco de dados, para a promoção de seminários, congressos e oficinas de aperfeiçoamento profissional. Uma entidade que pudesse fazer parcerias com os jornais, as TVs e as rádios, as entidades de classe, mas que fosse voltada principalmente para o trabalho de crescimento profissional dos jornalistas. Não seria uma entidade contra nada e nem contra ninguém, mas a favor da melhoria profissional, o que significa um respeito à sociedade que nos cobra um jornalismo de qualidade. É possível que uma entidade desta, a médio ou longo prazo, possa ajudar a criar alternativas de mercado no Brasil, é possível.
Bom, digo isto tudo porque senti uma disposição grande do David Kaplan, coordenador de treinamento internacional do IRE que participou do encontro no Rio, e do Rosental, da Knight, de ajudarem no pontapé inicial de uma iniciativa desta natureza. Vários de vocês já participaram de cursos ou congressos do IRE. E vários de nós temos conversado sobre este assunto. Daí esta mensagem.
A minha ideia é a gente jogar um pouco de conversa fora sobre este assunto, agregar mais jornalistas (repórteres e editores que tenham interesse) a esta lista e amadurecer um projeto que pode sair logo, pode demorar um pouco ou pode nem sair, se a gente não sentir firmeza. Mas acho que o assassinato do Tim Lopes ajuda a criar uma situação favorável.
É isso. Abraços, Marcelo Beraba”.

 Reflexão:
 A pergunta que fica após a leitura dessa e de outras reportagens é: Que caminho o jornalismo investigativo teria tomado sem a criação dessa associação?
 Lembremos que além da inserção de debates, discussões, seus efeitos nas são apenas no campo teórico. De fato, a sua existência já colaborou, em muito, para a preservação da vida de milhares de jornalistas e vem cada vez mais lutando por isso.

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