Comemoração:
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vai
comemorar em 10 de dezembro seus 10 anos de fundação com um evento
internacional no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de
Comunicações e Artes (ECA) da USP – exatamente onde foi decidida a
criação da instituição, por 140 jornalistas, ao final do seminário
"Jornalismo investigativo: Ética, Técnicas e Perigos" em 7 de dezembro
de 2002. O objetivo foi criar uma instituição para troca de
experiências e busca de melhoria da qualidade do jornalismo, o que vem
sendo conseguido.(site Abraji).
História:
O dia 2 de junho de 2002 talvez marque com precisão o final do
século XX para o jornalismo brasileiro. Neste dia, o repórter Tim Lopes
foi assassinado no Complexo do Alemão, Zona Norte carioca. Sua morte
teve repercussão inédita entre seus pares. Cinco dias após o crime, em
7 de junho, jornalistas se reuniram em manifestação na Cinelândia,
centro do Rio de Janeiro. O protesto contra a impunidade e a violência
urbana transcendeu a rua e inspirou reflexão entre os profissionais
colegas de Tim.
No sábado, 31 de agosto daquele ano, o Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Município do Rio de Janeiro e o Knight Center para o
Jornalismo nas Américas realizaram no Rio o seminário “Jornalismo
Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos”. Mais uma vez, jornalistas se
perguntaram: por que não criar, no Brasil, uma entidade semelhante ao
IRE (Investigative Reporters and Editors), dos Estados Unidos?
Na quarta-feira seguinte, 4 de setembro de 2002, às 14h28, Marcelo
Beraba, hoje diretor da sucursal carioca de O Estado de S. Paulo,
enviou o e-mail que pode ser considerado o embrião da ABRAJI. Ao texto,
reproduzido abaixo, seguiu-se a realização de um novo seminário em São
Paulo, no dia 7 de dezembro de 2002. A Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo foi criada, oficialmente, em 16 de março de
2003.(site Abraji).
Abaixo a e-mail enviado para 44 jornalistas brasileiros e que ajudou em muito a criação da associação:
“Caríssimos,
como devem saber, foi realizado no Rio, no último sábado, o
seminário "Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos",
organizado pelo Knight Center for Journalism in the Americas, que é
dirigido pelo nosso Rosental. O seminário foi muito bom e, entre outras
considerações, mais uma vez vários de nós que participávamos voltamos a
nos perguntar por que não temos ainda no Brasil uma instituição
parecida com o IRE (Investigative Reporters & Editors
-www.ire.org), criado pelos jornalistas dos Estados Unidos, ou o Centro
de Periodismo de Investigación (http://investigacion.org.mx), de nossos
colegas mexicanos. Uma instituição formada e mantida por jornalistas,
independente dos jornais e das entidades de classe (sindicatos, Fenaj e
ANJ), voltada para a troca de informações entre nós, para a formação e
a reciclagem profissional, para o aprofundamento dos conhecimentos e
uso de ferramentas na área do jornalismo investigativo, para a formação
de uma literatura e banco de dados, para a promoção de seminários,
congressos e oficinas de aperfeiçoamento profissional. Uma entidade que
pudesse fazer parcerias com os jornais, as TVs e as rádios, as
entidades de classe, mas que fosse voltada principalmente para o
trabalho de crescimento profissional dos jornalistas. Não seria uma
entidade contra nada e nem contra ninguém, mas a favor da melhoria
profissional, o que significa um respeito à sociedade que nos cobra um
jornalismo de qualidade. É possível que uma entidade desta, a médio ou
longo prazo, possa ajudar a criar alternativas de mercado no Brasil, é
possível.
Bom, digo isto tudo porque senti uma disposição grande do David
Kaplan, coordenador de treinamento internacional do IRE que participou
do encontro no Rio, e do Rosental, da Knight, de ajudarem no pontapé
inicial de uma iniciativa desta natureza. Vários de vocês já
participaram de cursos ou congressos do IRE. E vários de nós temos
conversado sobre este assunto. Daí esta mensagem.
A minha ideia é a gente jogar um pouco de conversa fora sobre
este assunto, agregar mais jornalistas (repórteres e editores que
tenham interesse) a esta lista e amadurecer um projeto que pode sair
logo, pode demorar um pouco ou pode nem sair, se a gente não sentir
firmeza. Mas acho que o assassinato do Tim Lopes ajuda a criar uma
situação favorável.
É isso. Abraços, Marcelo Beraba”.
Reflexão:
A pergunta que fica após a leitura dessa e de outras reportagens é: Que caminho o jornalismo investigativo teria tomado sem a criação dessa associação?
Lembremos que além da inserção de debates, discussões, seus efeitos nas são apenas no campo teórico. De fato, a sua existência já colaborou, em muito, para a preservação da vida de milhares de jornalistas e vem cada vez mais lutando por isso.
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