" Eu falei sobre os riscos que estávamos correndo sete meses antes de os traficantes do Alemão matarem o Tim Lopes. Eu implorei por atenção a estas ameaças e o que fez a TV Globo? Ignorou tudo. Sete meses depois, eles pegaram o Tim. Na ocasião do Prêmio Esso, antes de o Tim ser morto, eu liguei para ele e o alertei sobre os riscos de ter exposto seu rosto nos jornais. Na nossa profissão, é preciso ter muito cuidado para mostrar a cara. É muita ingenuidade achar que traficante não assiste TV e não lê jornal."
Posteriormente, a jornalista entrou com uma ação judicial contra a rede, reclamando da falta de segurança para os jornalistas da emissora. Afinal, sempre em razão das ameaças sofridas, Cristina decidiu sair do Brasil.
Por volta das 17 horas do dia 2 de junho de 2002, domingo, Tim Lopes foi até a favela Vila Cruzeiro, no bairro do Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, com uma microcâmera escondida numa pochete que levava na cintura, para gravar imagens de um baile funk promovido por traficantes de drogas. Ele havia recebido uma denúncia dos moradores da favela de que no baile acontecia a exploração sexual de adolescentes e a venda de drogas. Iria verificar também a informação de que os traficantes construíram um parque infantil numa via de acesso à comunidade, para dificultar a ação da polícia, e que desfilavam armados de fuzis.
Os traficantes estranharam a presença de Tim Lopes no local. Há suspeita de que, uma vez descoberto, sua morte tenha sido decidida como vingança pela reportagem feita anteriormente, sobre a venda de drogas no morro, veiculada em agosto de 2001 pela TV Globo. Depois dessa reportagem, vários traficantes foram presos e o tráfico da região teve um prejuízo em suas atividades criminosas por um longo tempo. Outras hipóteses são de que Tim Lopes tenha sido confundido com um policial ou um informante da polícia.
Segundo testemunhas, a morte de Tim Lopes foi definida pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos líderes do grupo criminoso Comando Vermelho, que dominava o Complexo do Alemão. As investigações indicam que participaram do crime outros nove traficantes de sua quadrilha. Antes da execução, os traficantes fizeram uma espécie de julgamento para decidir sobre a morte do jornalista. Ele foi torturado e em seguida morto. Em seguida, o corpo teria sido esquartejado e queimado - método popularmente chamado como "microondas", usado para ocultar o cadáver e o crime - na localidade da Grota. (Trecho retirado do wikipédia)
Esse episódio foi marcante na produção e atuação do jornalismo investigativo Brasileiro.
O posicionamento da profissão à frente da vida era facilmente encontrado pelos trabalhadores dessa área. A cobertura de operações policiais sem equipamentos de proteção, o risco diário e direto e as ameaças a que se expunham os repórteres nunca foram questionados pelos veículos de comunicação. Até o pior, com o assassinato de Tim tudo foi mudado com o intuito de preservar a vida desses profissionais. Os veículos passaram a se importar mais com seus profissionais, lhe dando um suporte maior para que pudessem trabalhar com mais tranquilidade. As subidas frequentes no qual os repórteres faziam em operações em morros foram diminuidas, como exemplo deste caso cito o caso da dominação do complexo do alemão. A maioria das coberturas midiáticas foram feitas na entrada do morro, longe de toda a operação e era possível notar a proteção com equipamentos de segurança e posicionamentos estratégicos utilizados pelos repórteres e câmeras.
Infelizmente precisou-se do pior para que todas essas medidas fossem tomadas, mas com a certeza de que Tim Lopes será eternamente lembrado com um heróico jornalista.
Infelizmente ele não foi o primeiro nem será o último jornalista morto por praticar sua profissão.
ResponderExcluirNão devemos culpar apenas os meios de comunicação, claro que eles têm que dar todo suporte necessário para o jornalista, mas não se pode deixar de fazer o jornalismo de qualidade que o Tim fazia por medo.
Se ficarmos com medo quem estará ganhando é quem matou o Tim e nossos outros heroicos jornalistas!